DIA DA MULHER

8 de março: DIA internacional da MULHER

Entrevista com Mary Del Priore:

"O espelho é a nova submissão feminina"

Dia 8 de março de 1857: operárias de Nova Iorque fazem greve exigindo diminuição das horas de trabalho e aumento de salário, pois ganhavam bem menos do que os homens. Foram aprisionadas na fábrica que foi incendiada. Mais de 100 morreram. Bem, este dia foi o escolhido, anos depois, pela ONU, para homenagear as mulheres.
MARY DEL PRIORE é historiadora, atenta às questões da história cultural, da vida privada e das mulheres.
Ela deu uma entrevista super interessante na ISTO É. Confira alguns trechos abaixo. Ou veja a matéria completa clicando aqui.
Neste 8 de março, há motivos para festejar?
Mary Del Priore -
Não tenho nenhuma vontade. O diagnóstico das revoluções femininas do século XX é ambíguo. Ele aponta para conquistas, mas também para armadilhas. No campo da aparência, da sexualidade, do trabalho e da família houve benefícios, mas também frustrações. A tirania da perfeição física empurrou a mulher não para a busca de uma identidade, mas de uma identificação. Ela precisa se identificar com o que vê na mídia. A revolução sexual eclipsou-se diante dos riscos da Aids. A profissionalização, se trouxe independência, também acarretou stress, fadiga e exaustão. A desestruturação familiar onerou os dependentes mais indefesos, os filhos.
A mulher também gasta muita energia em cuidados com a aparência. Por que tanta neurose?
Mary Del Priore -
No decorrer deste século, a brasileira se despiu. O nu, na tevê, nas revistas e nas praias incentivou o corpo a se desvelar em público. A solução foi cobri-lo de creme, colágeno e silicone. O corpo se tornou fonte inesgotável de ansiedade e frustração. Diferentemente de nossas avós, não nos preocupamos mais em salvar nossas almas, mas em salvar nossos corpos da rejeição social. Nosso tormento não é o fogo do inferno, mas a balança e o espelho. É uma nova forma de submissão feminina. Não em relação aos pais, irmãos, maridos ou chefes, mas à mídia. Não vemos mulheres liberadas se submeterem a regimes drásticos para caber no tamanho 38? Não as vemos se desfigurar com as sucessivas cirurgias plásticas, se negando a envelhecer com serenidade? Se as mulheres orientais ficam trancadas em haréns, as ocidentais têm outra prisão: a imagem.
que a sra. pensa das brasileiras na política?
Mary Del Priore -
Elas roubam igual, gastam cartão corporativo igual, mentem igual, fingem igual. Enfim, são tão cínicas quanto nossos políticos. Mensalões, mensalinhos, dossiês de todo tipo, falcatruas de todos os tamanhos, elas estão em todos!
Por que as políticas brasileiras não têm agenda voltada para as mulheres?
Mary Del Priore -
Acho que tem a ver com a falta de educação da mulher brasileira de gerações atrás e isso se reflete até hoje. Tem um pouco a ver com o fato de o feminismo também não ter pego no Brasil.
Bom, e aí, concordam? Conhecem mulheres que enfrentam estes dilemas, problemas?
Neste dia 8/03, desejo a todas as mulheres brasileiras uma reflexão sobre si mesmas, sobre seu valor e sua importância. E sobre o que elas realmente querem pra si. Que haja espaço para a LIBERTAÇÃO, para terem liberdade de escolherem: se querem ser donas-de-casa ou não, se querem casar ou não, se querem ter filhos ou não. Fazendo estas escolha livremente, sem pressõs ou cobranças, sem serem taxadas e classificadas por estereótipos simplistas, creio que serão mais felizes!
um beijo,
Natália

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